sábado, 2 de fevereiro de 2013

ENTREVISTA - SERGIO DO ERRE

Sérgio do ErreEntrevista completa

Entrevista gravada no estúdio de rádio da Famecos PUCRS em 6 de setembro de 2005

P – Por favor seu nome completo, data de nascimento e cidade onde nasceu?
R – Meu nome completo é Antonio Sergio Oliveira Do Erre, nasci no dia 1º de setembro de 1956, em Porto Alegre.
P – Primeiro contato com rádio quando era criança?
R – Na adolescência nós tínhamos uma turma de uns 30 guris e nós tínhamos mania de brincar com rádio. Então, nós tínhamos aqueles gravadores com teclas para gravar, com microfonezinho. Nós chamávamos de rádio Alameda, que era onde eu morava. Ali a gente fazia brincadeiras, então acho que a coisa já tinha uma direção, não é? Fazíamos rádio, fazíamos brincadeira com músicas, entrevistas com a gente mesmo. Mas, antes da adolescência não, era só mais escutar mesmo, escutava rádio, músicas, nunca pensei que faria parte, que seria locutor, radialista.
P – Como começou a trabalhar na área?
R – Eu fazia parte do Grêmio Estudantil do Colégio Aparício Borges e era época de escolha da rainha do colégio. Por sorte conseguimos levar nossas candidatas na TV Difusora, que hoje é a Bandeirantes, levamos as meninas e eu, como integrante do Grêmio, apresentei as candidatas e o diretor da Difusora naquela época, que era o Jair Brito, ouviu a minha voz, eu tinha 19 anos, e me convidou para fazer um teste. Eu não trabalhava, era vagabundo, usava blackpower, tamanco, magro. Fiz o teste e rodei de cara. E ali me deu uma luz. Gostei do ambiente, gostei da música, que sempre gostei, me deu um estalo e fui fazer um curso de dicção. Depois fui à rádio Princesa, no Bairro Três Figueiras. Dali fui encaminhado lá para a rádio Real, de Canoas, que fazia parte do grupo. Na rádio Real fiquei um mês lendo uns textos. Eram recortes de jornal direto que colavam num papel – “gilete press” como o pessoal fala. E dali, dois meses depois, eu vim para Porto Alegre, na rádio Princesa.
P – O senhor teve algum padrinho?
R – Sim, na gerencia da rádio Princesa teve um rapaz chamado Pedro, não lembro o sobrenome. Ele me incentivou muito porque eu saí da rádio Real, de Canoas, como locutor e fui para a Rádio Princesa como operador. Mas, operando lá para outros locutores, nos intervalos eu ficava treinando, brincando, imitando. E pela voz, que foi o que me ajudou bastante, o Pedro me deu uma chance para fazer locução na Princesa. A Princesa naquela época era uma rádio grande, uma rádio quase como uma rádio Gaúcha. Então, tinha um destaque legal e ele me deu oportunidade de trabalhar aos finais de semana ou eu ficava à noite fazendo locuções, gravando comerciais até conseguir um horário fixo. Depois passei por rádio Itaí e pela rádio Cultura. A rádio Itaí era famosa também, tinha programas bons, trabalhei de madrugada, trabalhei de noite num programa chamado Clube dos Namorados, que era famosíssimo. Trabalhei com o Marne Barcellos.
P – Quem eram teus colegas ?
R - Gerson Pavinatto, Marne Barcellos, Edi Amorim.
P – Como eram os programas?
R – Os programas sempre incluíam contato com o público. E acho até uma coisa muito legal. É algo que falta na rádio FM hoje em dia, por exemplo. Um tempo atrás quando trabalhei na rádio FM, as pessoas conheciam mais o comunicador do que as músicas. Hoje não, as pessoas ouvem uma emissora mais pela música do que pelo comunicador. E ali, foi uma grande oportunidade para as pessoas fazerem nome. Trabalhava por telefone, ouvia a música que o ouvinte solicitava, os ouvintes iam até os estúdios das rádios para conhecer o locutor. Acho que naquele tempo, os comunicadores tinham mais sucesso com o público do que hoje em dia.
P – Tem algum episódio interessante?
R – Acontece bastante. Eu estou fora de rádio nesse segmento, não tenho mais contato com o público. Eu estou trabalhando na Band News de manhã. Hoje, é uma rádio totalmente jornalística, é notícia, noticia e notícia. Mas tem coisas curiosas. Na Atlântida, para onde fui em 1982 e fiquei até 90, fiquei oito anos na Atlântida. E nesse período, numa época, eu trabalhava de noite num horário que tinha “recado para ti”, em que as pessoas ligavam contavam seu recado e o comunicador transmitia através do rádio. Alguém com uma voz muito bonita telefonou. Queria me conhecer e eu fui no embalo, sei lá , da idade talvez E essa pessoa foi até a rádio para me esperar. Eu saí às 2h da madrugada. Quando terminei meu horário, desci, olhei e era um travesti. Conversei, não aconteceu nada, mas teve isso ai que me marcou. Eu trabalhei também na RBS por 20 anos. Era locutor de chamadas da RBS. E as pessoas conheciam muito, eu ia numa loja comprar alguma coisa e diziam: – “tu é o cara da RBS, o cara da locução”. Identificavam pela voz.


P – E na rádio Itaí?
R – Fiquei na rádio Itaí, trabalhei de madrugada. À noite, tinha um programa “Clube dos namorados”, que era muito ouvido, das oito até a meia noite. Era um programa de contato direto com o público, atendendo os namorados, lendo cartinhas dos apaixonados. Depois da rádio Itai eu fui para a rádio Cultura onde fiquei pouco tempo, briguei com o diretor. Ele me colocou na rua por justa causa. Foi uma coisa de ter feito uma escala para o final de semana e ele, sem mais nem menos, mudou a escala e me colocou. Eu disse que não iria porque eu tinha compromisso naquele final de semana. Ele disse que se eu não fosse ele me colocava na rua e eu discuti com ele. Tipo de atitude que hoje eu não teria. Depois da rádio Cultura trabalhei na Band, na Universal FM, na rádio Cidade, na Rádio Itapema, na Atlântida (oito anos), rádio Gaúcha. Eu fui para a Atlântida através do Domingos Martins que hoje é coordenador dos locutores da rádio Gaúcha. Eu, na época, trabalhava na rádio União com seu estúdio na rua Senhor dos Passos. Ali, havia também uma gravadora e o Domingos ia lá gravar comerciais. E por felicidade num dia ele chegou lá e me disse: – “ô cara, estão precisando de gente na Atlântida”. Eu disse: – “me dá essa força”. E ele foi, conversou com o JB Schiller , que hoje está em Santa Catarina. Fiz um teste. Mas foi uma coisa estranha. Quando cheguei na Atlântida, eles não queriam me aceitar pela voz, porque é uma rádio para público jovem e essa voz grave que tenho, segundo eles, não ia combinar com o estilo da rádio.Com uma voz não tão grave como a minha funcionaria melhor. Comecei em junho de 1982 fazendo folgas e deu certo, acho que deu, fiquei oito anos por lá. Depois peguei horários fixos, fiquei na RBS no mesmo tempo na TV, gravando chamadas nesse mesmo período. Saí da Atlântida em 1990, mas, foi um período bom. Trabalhei em todos os horários.


P – Qual foi o fato mais marcante na carreira?
R - Acho que é o Garota Verão. A Atlântida foi a rádio onde construí meu nome. Houve uma época forte dessas festas que os comunicadores fazem pelo Estado, mas o Garota Verão acho que é o momento forte.
P – E os bastidores do Garota Verão?
R – As mães ficam muito chateadas quando as garotas não ganham, tem mãe que joga pedras, até contratam segurança para intimidar.


P – Como começou narrando o Garota Verão?
R - Eu estava na Atlântida e ai o Claro Gilberto, que ainda é diretor de eventos da RBS, naquela época ele era diretor de programação da RBS TV, me convidou. A Lúcia Dias, vou começar pela época em que eu entrei fazendo as chamadas da RBS. A Lúcia Dias era gerente de chamadas da RBS TV. Eu estava na Atlântida e ela me convidou para gravar as chamadas da RBS. Era tudo no mesmo prédio e facilitava bastante, Atlântida no 3º andar e RBS nos dois andares abaixo. Eu passava praticamente o dia lá, mas era excelente. Eu comecei fazendo as chamadas e o Claro me convidou para fazer o Garota Verão. Até então era feito em Porto Alegre e era gravado, não tinha a produção que tem hoje. Eu comecei em 1986. Naquele ano em que ele me convidou o Garota Verão passaria a se apresentado em Capão da Canoa. Não era ao vivo. Havia cento e poucas meninas. Chegou uma época a cento e oitenta e eu apresentei as cento e oitenta no programa gravado. Depois de 12 anos começou a ser ao vivo, era aos domingos pela manhã, daí reduziram o número para 100 meninas e hoje são 80 meninas. E eu fiz uma coisa que ele gostou muito, que uma menina começou a desfilar e ela parecia uma pantera – uma coisa assim – ai eu falei no microfone: “ai vem a candidata número tal desfilando parecendo uma pantera olha só o charme dela deslizando pela passarela…” daí a menina sorriu e ela gostou. Eu fico nervoso ainda, sempre. No Garota Verão eu fico nervoso até começar, eu chego lá em Capão quinta-feira o evento é sábado, quinta eu chego pela manhã. E nesse momento as meninas estão chegando, elas chegam entre 9h e 11h, e ai já começa a valer nota. No almoço já têm o primeiro contato com os jurados. À tarde, elas saem e vão conhecer Capão e redondezas, comportamento vale nota, à noite tem jantar e entrevista com jurados, vale nota. E junto com isso, durante o dia, tem os ensaios, então, eu tenho ensaio: três ensaios quinta á tarde, três ensaios sexta de manhã, três ensaios sexta à tarde e se não estiver legal claro, há ensaios sábado pela manhã.
R – Fez algum curso de dicção, técnica vocal?
R - Eu sempre falo isso, as pessoas dizem assim: “Pô! Cara, tu tem um vozeirão”. Mas, eu acho que para ser um bom locutor, um bom comunicador, não é só a voz. O Zambiasi é um cara que não tem voz e eu o acho excelente no que ele faz. Eu fiz curso de locução, quando eu estava na RBS, eu sempre faço quando aparece um curso interessante, uma técnica de voz, uma técnica vocal, eu vou e faço. Eu acho que todo mundo deveria fazer isso. Isso é bom, é para o próprio crescimento profissional. A voz sempre me ajudou, eu acho que tem um pouco de talento associado à voz…
P – Tem alguém que admira profissionalmente?
R – Tem um cara, por exemplo, de TV, que é o Dirceu Rabelo. Sou apaixonado por ele, acho ele o melhor locutor de chamada do Brasil. O cara é da Globo. Do Bira Brasil sou fã, excelente locutor, maravilhoso. Bira Valdez, já falecido, também. O Flávio Martins, da Rádio Gaúcha, eu acho um locutor maravilhoso. Marco Antonio Pereira, locutor esportivo muito bom.
P – Chegaste a fazer alguma coisa ligada ao esporte?
R - Não, única coisa que fiz foi no Beira-Rio, como convidado.Fazia a locução de cabine: “aí vem o inter…número 1…fulano de tal”……
P – Cuidados com a voz?
R – Alimentação não, mas eu tomo muita água, dizem que água ajuda bastante. Já ouvi falar que gengibre é ótimo, mas eu fiz uma entrevista com uma fonoaudióloga e ela disse que gengibre é ruim porque quando se mastiga as cordas vocais amortecem. A Alcione, por exemplo, deu uma entrevista, ela disse que toma mel com manteiga. E tem uma voz excelente e canta muito bem. Falo muito nos ensaios, fico quieto durante à noite. E tomo muita água. Já trabalhei rouco em rádio já, mas me arrependo e pretendo nunca mais fazer. Tem uma situação, que quando eu ia a futebol, colorado do jeito que sou, fui ao jogo e torci demais. No outro dia tinha que ir à Capão da Canoa. O Claro Gilberto quase me “matou”, chamou de irresponsável. Eu passei mal. “sua voz é um instrumento de trabalho, como é que tu faz isso?”. Recuperar a voz não é assim tão fácil.
P – Você já foi operador de áudio?
R – Foi no início, na Rádio Princesa, depois tem o que chamam de rádio-executiva, a Atlântida. É assim, o locutor opera e faz locução ao mesmo tempo. Na Bandnews é assim, a mesa está ali, a diferença é que hoje tem computadores. Naquele tempo era cartucheira. Eu trabalhei também com acetato, na Rádio Princesa, aqueles discos grossos, rotação 45’.
P – E a tecnologia ajuda?
R – Hoje se editam as coisas no computador. Há pouco tempo atrás, a gente fazia pela mesa de corte. Mas, quando eu comecei tinha que cortar com gilete. Havia um aparelhinho em que colocava a fita sobre uma reentrância em cima da outro passava estilete, cortava e emendava. Hoje ta tudo bem mais fácil. Tinha o programa com os cartuchos. Na Atlântida até o final de 80 eu usei cartucho. Hoje está em exposição em museu. E nessa fase também acontecia que a gente colocava o cartucho não andava, trancava.
P – Fale um pouco da rádio Itaí?
R - Fui para a Itaí em 1979, antes na Rádio União. Mas, a Rádio Real de Canoas foi a primeira. Foi em 1976. Depois fui para a Princesa, que era do mesmo dono, José René Pertili. Fiquei seis meses na Rádio Real. Saí de Canoas e vim para Porto Alegre. Trabalhei na Cultura. Período bom, lá estava o Paulo Deniz, grande sucesso do rádio, na Cultura que hoje não existe mais.
P – Que características você acha que deve ter uma pessoa que deseja trabalhar em rádio?
R – Agilidade, pensar rápido, não ter medo do trabalho. Acho que estas três coisas se enquadram. Tem que gostar da estrada, porque o salário não é tudo isso, não. Eu trabalho em rádio porque gosto. Tive a sorte de conquistar um espaço e ter um nome, aí claro, de repente as coisas se tornam um pouquinho mais fáceis. Porque não só com o trabalho em microfone que tu vais conseguir te sustentar. Tem que fazer mais coisas. Tem que batalhar, pois a concorrência é grande. Houve uma época que eu estava gravando comerciais e as pessoas mais ou menos já me conheciam e eu inventei de fixar um valor de cachê para mim. “Sou Sergio do Erre, e meu cachê é tanto”. O Bira Brasil faz isso. Então eu perdia muito para as pessoas que trabalhavam na mesma rádio que eu e que cobravam um preço inferior ao que eu estava pedindo. Por exemplo, eu cobraria, digamos, 50 reais, e vinha um colega e cobrava 20 reais. E o mercado está assim hoje. As pessoas não estão olhando a qualidade, estão pensando mais no que vão gastar. Quando eu estava fazendo chamadas na RBS, a Margarete sempre dizia pra nós. E ela dizia:- “chamada é um comercial da TV, então você vai ter que fazer uma locução, passar através da locução porque nós não temos imagens suficientes para cobrir”. Então, a locução é que vai vender determinado produto.
P -Tu tens um certo saudosismo daquela época? Tu tinhas comentado que existia uma relação maior do radialista com o ouvinte, já que o hoje é mais a música que predomina?
R - Eu gosto muito de rádio e acho isso muito legal porque eu fico imaginando as pessoas. Tipo, eu sou um cara assim em casa, eu tenho um rádio pequeno que vai comigo para qualquer lado. Se eu vou ao banheiro eu levo comigo. Se eu estou na sala, a minha mulher gosta muito de televisão, eu gosto muito é de rádio, cada vez mais. Fico imaginando as pessoas em casa, ouvindo rádio, alguém na cozinha, alguém lavando o carro, é uma companhia. Meu irmão, por exemplo, que é um cara separado e mora sozinho, quando chega em casa liga uns dois rádios num volume alto. Ele mora do lado da minha casa. Ele está no pátio, está escutando rádio, eu acho isso muito legal. Então eu fico imaginando as pessoas, na época em que eu estava no microfone da rádio falando alguma coisa. Aí tefonavam: -” Oi, eu estou aqui te ouvindo, agora estou em casa…”. Isso mexia muito comigo e me emociona até hoje.
P – Quando tu trabalhaste em rádio pegavam muito no teu pé sobre sotaque, ou forma de falar, regras?
R - Aqui em Porto Alegre não, mas em Santa Catarina, algumas vezes. Mas outra coisa que me disseram e eu não engoli até hoje. Em 1990 e poucos eu fui para a Globo fazer um estágio com o Dirceu Rabelo. Fiquei lá uma semana. Fui perguntar ao Roberto Dias, se não me engano era diretor de programação da Globo: “o que tu achaste cara?” E ele disse: “Excelente, tudo bem, mas tu tens a voz anasalada”. E eu nunca mais esqueci disso aí, não entendi.
P – Este teste era para a televisão ou para o rádio?
R – Para a tv. A Globo faz uma espécie de rodízio de locutores no Brasil. Quando Rabelo tira férias, eles chamam alguns locutores. Hoje são sempre os mesmos, mas eu queria fazer parte deste rodízio.
P – Algum fato, caso da área profissional, algo jocoso? Tu até citastes um nome importante do rádio, que até entrevistamos antes de morrer, que foi o diretor da Rádio Itaí?
R – O Lorenzo Gabellini me deu uma das grandes oportunidades na vida. Ele me chamava de “alemão”. Ele foi para a Rádio União, gerenciou a rádio no período que eu estava lá. Ele se vestia muito bem, sempre chegava com uma maleta, bonita maleta e com um revólver dentro dela. Não sei a razão mas ele não tinha um dedo. Ele era uma “mala”. O Gabellini era chato, estúpido, mas entendia muito, tinha uma visão grande do veículo rádio. Tanto que a Rádio Itaí foi uma rádio que esteve em primeiro lugar por um bom tempo. Às vezes os programadores, locutores vinham com idéias, músicas, por exemplo: “… escutei uma coisa assim, assim…”. Ele dizia: -“não, nosso público é esse, nossa direção é essa”. Outro cara que eu adoro, com quem aprendi muito, muito foi o Claro Gilberto. Para muitas pessoas, ele tem um gênio difícil, mas aprendi muito com esse cara. Um cara que é teimoso, mas as rádios dele têm dado certo é o Otávio Gadret. Na Caiçara ele começou a usar trilhas antigas, trilhas que a Itaí usava como os programas Itaí Dona da Noite, Itaí Equipe Show, Clube dos Namorados. Ele está usando só sucessos antigos na Caiçara e é um negócio que está começando a dar certo, tipo Renato seus Blue Caps, minha sogra deixa o rádio em alto volume na Caiçara.


P – Havia “jabá” na tua época, tinha assédio das gravadoras?
R - Sim , mas acho que as pessoas não levavam para este lado como hoje. Eu que fui um cara que trabalhava na Atlântida, recebi muitos discos e todos locutores recebiam. Era mais para conhecer o material, ouvir em casa.
P – Sérgio você passou por um momento histórico do rádio que foi o início das FMs, fale um pouco sobre isso.
R – Uma coisa boa disso é que no final dos anos 70, tinha uma rádio AM chamada Continental, com programação semelhante a de uma FM de hoje. A Continental tinha uma qualidade de som e uma programação exatamente como muita FM que tem por aí.. E era uma rádio de comunicadores excelentes. O Bira Brasil, Marcus Aurélio Wezendock, que era diretor e apresentador, Rui Carvalho, que hoje está morando sabiamente em Capão da Canoa, gravando seus textos comerciais lá e mandando por internet para todo mundo, Domingos Martins, que hoje está na Gaúcha, um timaço. Era uma rádio excelente musicalmente. Eu fazia as folgas da Continental. Depois chegaram a Gaúcha FM, Guaíba. A Itaí, foi a primeira.
P – No início da FM trabalhaste em alguma?
R – Não, a primeira que eu entrei foi Atlântida, 82. Na Cidade trabalhei em dois momentos. Por último foi em 99, quando o Mauri Gandra assumiu. Ele tinha saído da Universal que estava liderando, a RBS o levou para a Cidade. Ele comanda até hoje as rádios FMs de lá. A Universal, acho que foi 95/96. Eu fazia o Agente 97 na Universal. Um programa romântico. Eu lia poesias. Eu me dava ao trabalho de comprar os livros do J.G. de Araújo Jorge: “Vou ler essa poesia da chuva por que esta chovendo”. Pedia para os ouvintes mandar poesias, e eles enviavam. Fazia aquele carinho:- “hoje o momento é com a poesia enviada por fulano de tal.”. Lia, tocava o telefone, momento de glória, jamais vou esquecer. Grandes amizades eu fiz nessa época.
P – Tens amizade com ouvintes?
R – Lá na Pampa, perto da Vila Cruzeiro. Tinha um grupo de guris, uns 10 12 anos, iam para lá à noite. Eu formava uma gandaia, por que as pessoas que estão na rua vão lá, conversam, falam ao microfone, claro que tu tens que ter o cuidado sobre o que se divulgar para não falarem bobagem. Um deles formou um grupo de pagode, joga bola comigo de vez em quando, até hoje. Dá para formar amizades boas.
P – Graças às poesias da noite?
R - As poesias haaa….. Tinha uma conhecida, uma louca que me visitava na Atlântida. Ela morava ali perto do estúdio. Eu fui convidado e inventei de ir ao apartamento dessa mulher. Eu acho que era doente, pois ela fechou tudo. Não houve nada, eu não entendi a dela, eu queira sair, estava me sentindo mal. Ela ameaçando: “se sair eu vou berrar”. Mas conversando ela se acalmou e absolutamente nada aconteceu.Volta ( link para retornar a página de abertura)


FONTE: PROJETO VOZES DO RADIO - FAMECOS PUC

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